Um dos aspectos que mais me impressionam neste livro é o entusiasmo que resuma das suas páginas. O acreditar na vida, nas pessoas e naquilo que as transcende. A sexualidade é uma dádiva, que não pode ser desperdiçada, e a sensualidade omnipresente na interação dos amantes que, na descarga orgástica, “…são, de súbito, dilacerados pelo prazer do infinito instante – espécie de pequena morte -, do paroxismo sexual.” Melhor que ninguém, a autora percebe os conflitos que laceram a sexualidade humana, mas sabe que é através da sua superação que, “no final, se dissolvem na vivência da substância cósmica, única, enquanto essência das matérias que formatam a vida, o sexo e o coração dos humanos -, sem distorções nem qualquer tipo de cisão”. E, numa homenagem final às suas ilhas, “selada a partilha, divindade e forasteiro […] confirmam-se no princípio do sexo e da vida, sob a bênção das divinas luzes que presidem às festividades.”

Francisco Allen Gomes, psiquiatra e sexólogo